quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feliz ano novo

Ano-bom é ano-novo.
Iluminado por papel luminado,
é como um sonho risonho
para um dia bem-humorado.
Obstinado, trinado, combinado.
Tão esperado, quanto inopinado,
De modo acelerado, rompe o véu
dos dias, horas e minutos.
Os segundos são sonoros,
acompanhados por vozes
até o último no quadrante
do régio relógio.
E a esperança está lá,
embutida em pulso,
contada no impulso
do desejo por dia melhor.

Feliz ano novo!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Rock Toada

Experimento Caminhos Cruzados em um rock toada.

Tom: A

A D
Quando um coração que está cansado de sofrer
A D
Encontra um coração também cansado de sofrer
A G# F# E F# E F# E
É tempo de se pensar, Que o amor pode de repente chegar
A D
Quando existe alguém que tem saudade de outro alguém
A D
E esse outro alguém não entender
D G# F# E F# E F# E
Deixe esse novo amor chegar, Mesmo que depois seja imprescindível chorar
A D
Que tolo fui eu que em vão tentei raciocinar
A D
Nas coisas do amor que ninguém pode explicar
D G# F# E F# E A
Vem nós dois vamos tentar, Só um novo amor pode a saudade apagar

A song

I found you in the evening and many days and nights later.
Everything seemed so smile. You never told me the ugly truth, right?
And why not? Did you deceive me? And why? What you want to prove?
You had my wishes on your hands.

Don't make me a fool 3x

Before I was a beautiful girl like you said.
Now I'm the annoying girl who wants to escape.
Give me a break. I'm not stupid.
You're the cute guy who seduces the nice girl.
Just like you there in droves, frog. Goodbye, darling.

Don't make me a fool 3x

domingo, 27 de dezembro de 2009

Enigmas - Um conto de fadas russo

Era uma vez um czar que viu em um sábio camponês, a oportunidade de criar um enigma e com ele fez um trato. Adaptei este conto de fadas russo em um roteiro de curta-metragem para animação entre 5 a 7 minutos.

< Download do roteiro

Caiu o mundo

No fundo fecundo,
oriundo de um segundo,
caiu meu mundo.
Um coração aturdido,
por um golpe bem sucedido,
suspirou perdido.

Possibilidades

No último domingo, Carol acordou bem cedo. Costume em nosso segundo ano de casamento. Desde que eu disse a ela para não comer tanto bolo de chocolate. Não importava frio, chuva, nem feriado. Foi correr. Não havia notado que ela estava mais magra, nem o quanto estava mais bonita. No primeiro ano, aos domingos, ficávamos de preguiça na cama, entre uma transa e outra. Ou será que o novo hábito começou no dia em que ela veio carinhosa provocar-me, eu resmunguei, virei para o lado e continuei a dormir. Ela não ousou mais. Não, não. O novo hábito começou quanto íamos ao aniversário de mamãe e eu disse a ela que aquele vestido ficava melhor um pouquinho mais folgado. Hummm... Acho que pode ter sido quando eu disse que era melhor a bermuda ao short. O maiô ao biquini. Passou a correr todos os dias. E eu que não acordo muito cedo, nem a via sair. Dia nenhum. Aos poucos sexo já não era rotina. Mudou para a situação de vez em quando. Também não tiro minha parcela de culpa. Problemas no trabalho fizeram com eu chegasse em casa silencioso. Cheio de grilos na cabeça. Deveria ter aproveitado o lar para relaxar. Mas não, remoía os pepinos e abacaxis, silencioso. E quando eu estava afim de descontrair-me, a saída com os amigos era indispensável. E ela foi ficando. Segundo plano. Terceiro plano. Ela respeitou a minha decisão. Também foi viver sua vida. Fez um novo curso. Conheceu novas pessoas. Escreveu uma peça de teatro. A estréia havia sido na noite da sexta anterior. Sucesso total. Com direito a foto no jornal e elogios. Só não fui convidado porque anunciei logo que já tinha compromisso quando ela perguntou se no sábado eu sairia novamente. De bate-pronto respondi que tinha. Afinal, não poderia deixar mulher querer me regular. Besta quadrada. Esqueci-me por completo que casei-me com uma mulher especial. Nunca pegou no meu pé. Quando li no jornal a matéria sobre a peça ainda fui tirar satisfação. Não me convidou. Nem eu dei chance ao convite. Para piorar o momento, tentei fazer-me de arrependido, contei as conversas da noite e minha dedução de que uma das minhas amigas deveria trocar o namorado e encontrar um cara bacana. Tal como você? Ouvi ela dizer rindo e eu respondi envaidecido. Sim. Então vá em frente, conquiste-a! Ouvi atônito a última parte. Desculpa, eu não entendi. O tempo passou e nós não o vivemos juntos. Vidas com novos rumos! É o título de sua nova peça?! Eu acho que está na hora de darmos novos rumos às nossas vidas, separá-las... Como assim, separação? Sim. Por quê, nos damos tão bem? Nunca brigamos. Foi quando ela mirou os meus olhos. Realmente nunca brigamos. Acho que este é o problema. Onde crescia o desejo, botrou apenas o companheirismo. Ganhou corpo. Expandiu. Tomou todo o espaço. Eu ainda quero a paixão sempre. Inutilmente, passei o dia inteiro tentando seduzi-la. Ela se limitava a dizer que não precisava, afinal, só estava fazendo tudo aquilo depois de nossa conversa. Provável que se a conversa não tivesse acontecido, tudo estaria na mesma.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Dor

Temos de subir o arco-íris andante
em muitos passos, meu querido amante.
Meus olhos não podem ver muito adiante,
mas há algo de errado neste acompanhante.
Dói mais quando só um deixou de amar.
Apenas um errou? Errei sozinha então...
Levanta minha alma, encante-se.
Cobre-te com a manta da esperança
para não doer mais com o calmante.

Medo contra evolução

27/7/2009

No século XVI, falsificadores imitavam obras de arte, livros, música, artefatos arqueológicos e documentos. Depois as réplicas focaram bens materiais comuns. Dinheiro, Roupa, Perfume, Bebida. A falsificação sofreria seu grande avanço com uma invenção inocente: a fita magnética, criada em 1928 na Alemanha. Inicialmente para registro de áudio, depois vídeo e dados. De réplica à cópia, de rolo à cassete, a indústria fonográfica começou a perceber a atuação dos falsários. Enquanto isso, no início dos anos 70, novamente na Alemanha, uma pesquisa foi iniciada para codificação de áudio, na tentativa de melhorar a qualidade de transmissão da fala. No finalzinho dos anos 70, nova evolução: discos compactos para armazenamento de dados digitais, mais comumente conhecidos por sua sigla - CD; ao passo que um suíço estudava um meio de tornar mais fácil o compartilhamento de documentos com os colegas. Em 80 construiu o ENQUIRE, projeto para amarzenar e reconhecer associações de informação e em 90 apresentou a WWW. Voltando ao CD, usado até então na computação para dados e softwares; neste ponto do tempo, a invenção era a promessa de maior qualidade sonora e substituíram os discos de vinil. E nova modalidade de cópias falsificadas fora criada. A esta altura, uma tese de doutorado já estava concluída e o formato MPEG apresentado. Padrão para lá, padrão para cá, a ISO sugeriu que a adoção do MPEG-1 Layer 3, mais conhecido como MP3. Aí... mais evolução de navegador, CODEC, WWW livre, site dedicado a MP3, CD com maior capacidade de amarzenamento, players virtuais e portáteis para MP3, download para distribuição de música, ou melhor, compartilhamento. Boom!!! E a indústria fonográfica sofreu um baque. E agora?! Chegamos ao século XXI, 2009, com cárcere e multas milionárias para quem baixa cópias ilegais de músicas. O medo pode frear a evolução?!

Falatórios

26/7/2009

Os primeiros cigarros datam século 9 d.C., na América Central, com os Maias fumantes. De lá para cá, o cigrarro ganhou o mundo a partir do século 19. Chegou a seu pico de consumo em 1965, comparando tamanho da população ao número de fumantes. Depois que o mundo habituava-se à divisão em dois grupos - fumantes e não-fumantes, descobriu-se os efeitos nocivos do cigarro sobre a saúde, muito em função de sua receita viciante. Pobres fumantes, a esta altura, já haviam descoberto que o cigarro não se resume à sensação da fumacinha do tabaco inalada. Há um valor social agregado. As boas conversas em rodas animadas, enquanto um cigarrinho é consumido calmamente. O compartilhamento fraterno do isqueiro e do fósforo. A resposta natural à clássica pergunta "tem fogo?!". Mas tudo bem, por um tempo os fumantes viraram-se bem. Provavelmente foi um fumante que sugeriu a criação dos cantinhos reservados aos fumantes, que continuavam sendo os cantos animados. Afinal, uma situação ocasionada por discriminação, origina união espontânea. Agora os cantos reservados estão em redução, tendendo à extinção. Os fumantes estão sendo rechaçados em prol de seu próprio bem-estar. E o lado social do nada inofensivo cigarro?! Onde fica?! Será que fica?! Na dúvida estão tentando achar alternativas menos radicais, mas nada efetivas. Até os tais cigarros eletrônicos contêm traços de substâncias tóxicas e carcinogênicas. A saída não seria estimular o lado social dos não-fumantes?! Que tal criar os falatórios?! Cantos reservados para dois dedos de prosa. Difícil será dosar o tempo relativo a cada dedo.

A faixa de pedestre mais famosa

8/8/2009

Começou em 1813, quando uma casa foi construída em uma rua ao norte de Londres. Em 1897, esta casa foi usada pela Gramophone Company, uma das primeiras companhias de gravação. Mais tarde, em 1931, juntou-se com outra companhia, a Columbia Gramophone Company, e formaram a EMI (Electric and Music Industrial Industries Ltd). A primeira faixa de pedestre foi pintada em 1951, na cidade Slough, como parte de um novo programa de segurança rodoviária. Logo depois várias faixas foram pintadas na Bretanha. Em 1958, foi gravado no estúdio EMI o primeiro single europeu de rock'n'roll ("Move it" por Cliff Richard). Daí em diante, muitos artistas e bandas quiseram gravar seu discos de rock neste estúdio, incluindo Beatles que gravou por lá 90% do trablaho da banda. A tal rua a norte de Londres ficou mesmo famosa quando em uma manhã do verão de 1969, mais precisamente a 8 de agosto, Lennon, Paul, Ringo e George atravessaram a rua e um fotógrafo tirou algumas fotos. Uma delas foi utilizada na capa do 12º álbum da banda, cujo nome é Abbey Road. A rua ficou beeemmm conhecida, recebe vários turistas e o EMI Studios foi rebatizado para Abbey Road Studios. Atualmente o Abbey Road mantem uma webcam 24 horas por dia, transmitindo imagens da zebra crossing mais famosa do mundo ( http://www.abbeyroad.com/visit/).

Complicados e Apaixonads - Parte III

Confúcio

Heloísa saiu da sala numa seqüência de passos leves e lentos. Poucas vezes preocupou-se com a postura como agora. A mãe certamente faria um elogio se a visse agora. Procurava manter ombros, barriga, pescoço, cabeça em suas devidas posições elegantes. Entrou no elevador desejando que ele estivesse bem atrás de si, mas não estava. Segundos antes da porta fechar-se ainda olhou pelo corredor — ele ainda deve estar na sala — pensou. Limitou-se a olhar o pequeno livro branco.

Em sua casa, sua mãe recebe seu primo Fulberto. Informa que a filha não chegaria cedo e deveria demorar um pouco mais. Havia iniciado um novo curso após o trabalho. Fulberto pediu para esperar. Entrou e sentou-se no sofá. Estendeu a mão para alcançar a revista sobre a mesa. Sem muita paciência, folheava a revista buscando por algo que o entretesse. Estava ansioso por vê-la. Suas visitas eram freqüentes, mas a uma semana não via. Tinha iniciado um namoro, já terminado.

Observando o livro, Heloísa saiu do prédio. No sétimo andar conheceu o jovem professor interessante. Estava impressionada com a facilidade com que ele conseguia atrair a atenção dos alunos. Como disse a moça da secretaria, as suas aulas são muito apreciadas e preferidas entre os filósofos aspirantes. Muito atencioso também, emprestou-lhe o livro que parecia ser assiduamente consultado. Guardou-o cuidadosamente em sua bolsa. Esperou o semáforo indicar o momento em que os pedestres poderiam atravessar a rua. Lembrou-se dos olhos de Pedro. Hipnotizantes, pareciam familiares.

Enquanto dirige-se à sala dos professores, Abelardo pensa na jovem de modos antagônicos. Jeito moderninho, cuidadosamente desalinhado para aparentar mais casual do que realmente é. Quem não ouvisse sua opinião, acreditaria que seria apenas mais uma moça bonita e maluquinha, daquelas que estava habituado a encontrar nas festas do irmão DJ. Depois de suas perguntas e argumentos, a ele não restava dúvidas de que grandes atributos intelectuais e de grande beleza Heloísa era dona. Não gostava de emprestar livros. Poucas pessoas lembram-se de devolvê-los. Mas para ela valia a exceção. Tinha como certo de que desta vez Confúcio o ajudaria a conquistá-la. Trancou o seu armário assoviado.

Correu um pouco, em tempo, deslizou entre as portas do metrô. Heloísa repara um casal em troca de carinhos. Ela que não se impressionava com cenas românticas, permitiu-se a observar. Bateu a vontade de ter um namorado e não mais os casinhos fortuitos. Ouviu o apito agudinho, seu celular informava nova mensagem. Pegou-o. Seu primo avisava que estava em sua casa a esperá-la. — Tédio. — sussurrou consigo. Preferiria passar a noite lendo o livro e descobrindo mais sobre seu professor atraente. Ligou para casa.

— Alô, mãe.
— Oi, Fulberto está aqui, esperando por você.
— É eu sei, faz tempo que ele está aí?
— Sim, mais ou menos a uma hora. Eu avisei que você ainda demoraria, mas ele preferiu esperar.
— Ah... Logo hoje?! Queria dormir cedo. Pode chamá-lo, por favor?
— Claro. Ainda vai demorar?
— Não, estou bem perto. Mas ele não precisa saber disso, ok?
— Ok, já entendi. — a mãe ria, não aprovava a presença freqüente de seu sobrinho em sua casa, sempre na cola de sua filha.
— Cadê você.
— Oi, primo, tudo bem com você?
— Estaria melhor se você estivesse aqui. Trouxe um filme francês para vermos. Tenho certeza que irá gostar.
— Puxa... Logo hoje?! Eu estou indo a casa da Jaque para pegar uns livros que ela ficou de emprestar-me.
— Shhh... Vai demorar?!
— Acho que sim. Traga o filme outro dia. Assistiremos comendo pipoca doce.
— Se quiser, posso buscar você. Já está tarde. Não se preocupe, a Jaque disse que me deixará em casa.
— Não precisa dar trabalho a Jaque, sabe para mim será um prazer buscar a minha priminha predileta.
— Melhor não, Jaque quer conversar sobre o Luciano. Acho que o relacionamento deles está um pouco estremessido. Sabe como é, colocaremos a conversa em dia.
— Mas...
— Beijo, preciso sair do metrô.

Apanhou o livro na bolsa. Abriu em uma página a esmo e leu a última mensagem. "O sábio detesta aqueles que proclamam os defeitos e as faltas dos outros. Detesta também os homens de baixa categoria que denigrem aqueles que são de uma condição mais elevada. Detesta ainda os homens empreendedores que violam as leis e os homens audaciosos que têm inteligência estreita". — Hmmm... Lembrarei-me disso.

Complicados e Apaixonados - Parte II

O encontro

Pedro Abelardo prefiria ser chamado de Pedro, mas quase todos o conheciam por Abelardo. Minutos antes de começar mais uma aula, estava conversando com alguns de seus alunos em mais um embate de idéias. Foi interrompido pela entrada de uma nova aluna. Daí em diante já não conseguia ouvir direito o que seus alunos diziam. Procurava olhar disfarçadamente para a aluna, até ficar desconcertado quando seu olhar encontrou o dela. Ela desviou os olhas rapidamente. Ele olhou o relógio e imediatamente pediu aos seus alunos sentarem-se. Iria iniciar a aula.

— Em seus lugares. Por favor, sentem-se. — A voz suave e grave, gesticulava um pouco, sinalizando pedido de silêncio.

Os alunos ficaram em silêncio. Sentia-se quase nervoso. Achou tudo muito estranho. Diferente do habitual, iniciou a aula pela chamada. Queria saber o nome da nova aluna. Optou por ler o nome e o último sobrenome. Obteria a certeza do nome da bela moça que entrara e sentara-se na primeira cadeira da segunda fileira do seu lado esquerdo. Podia sentir o seu perfume, bastante atraente ao seu olfato. Ateve-se a fisionomia de cada aluno desta vez. Assim, poderia olhar para ela sem levantar suspeitas. Seu nome é Heloísa.

— Ok, vamos falar hoje de Kong Fu Tseu, sem dúvida uma das maiores personalidades da China. O pensador chinês é também conhecido como Confúcio. Não fundou religião alguma, apenas externou conceitos de moral e sabedoria que até hoje constituem verdadeiros ensinamentos. — A visão de Heloísa o distraía um pouco. Perdeu-se em alguns momentos na linha do raciocínio. Então decidiu evitar olhar em sua direção. A aula foi agitada. Os alunos perguntaram e opinaram. Heloísa também contou sua opinião. Abelardo demonstrou entusiamo ao ouvir sua voz. Procurou disfarçar. — Espero que ninguém tenha notado — pensou. Ao fim da aula, Heloísa foi falar com ele.

— Abelardo?
— Pedro, por favor.
— Mas todos os chamam de Abelardo.
— É, eu sei, e não entendo. Pedro é tão mais fácil. Menos letras a pronunciar.
— Deve ser por implicância - Heloísa riu.

Pedro também achou graça. Mais do que deveria. O seu sorriso era perfeito. A boca e os dentes poderiam estampar qualquer caixa de creme dental. Então ela continuou.

— Pedro, você admira muito Confúncio, não é?
— Sim, admiro.
— Por quê?

Pedro franziu a testa. Não esperava a pergunta à queima-roupa. Soma-se o fato de que ele estava encantado. Gaguejou.

— Ainda na infância, quando indagado pela sua dedicação aos estudos, respondeu: "Assusta-me a última parte da vida. Aquele que chega aos quarenta ou aos cinqüenta anos sem nada ter aprendido não se encontra em aterradora situação? Eu sei que, para estudar, o futuro não vale tanto quanto o presente". Tão cedo aprendeu a refletir. Deste ato advém minha admiração por Confúcio.
— Entendi — respondeu Heloísa, acenando a cabeça com suavidade. — Tudo isto é muito novo para mim. Pode indicar-me algum livro.

Sem pensar, Abelardo virou-se à mesa, apanhou um livro pequeno, fino e branco. Na capa estava escrito "Confúcio Vida e Doutrina". Voltou-se a Heloísa oferecendo o livro.

— Leve este. Acho que vai gostar. — havia um leve sorriso em seus lábios que não conseguia disfarçar.
— Obrigada. — Passou a mão pelos longos cabelos castanhos, parecia animada. — Bem... Então isso é tudo. Gostei muito da minha primeira aula de filosofia.
— Que bom, fico feliz.
— Preciso ir agora. Obrigada. — Esticou-se um pouco e deu um beijo no rosto de Abelardo, ou melhor, Pedro. Para ela, seria Pedro apenas.

Complicados e Apaixonados - Parte I

Apresentando Pedro Abelardo e Heloísa
Extraídos da vida real, Pedro Abelardo e Heloísa viveram no século XII. Agora no século XXI, reencontram-se mais uma vez.


Pedro Abelardo tem 26 anos e é um jovem professor de filosofia. Acaba de concluir seu mestrado. Polêmico, adora discutir sobre política, religião e futebol. Seus pais moram no interior de São paulo e ele divide o apartamento com o irmão, 2 anos mais novo. Divide seu tempo entre seus estudos e aulas. Pretende publicar em breve seu livro sobre o pensamento filosófico contemporâneo. Ministra aulas na universidade onde graduou-se e em uma escola de filosofia. Terminou um namoro de dois anos. Está curtindo ficar sozinho, pelo menos até achar alguém especial. Por enquanto, curte a vida notruna com o irmão, que faz bicos como DJ. Trabalharia com música se não gostasse tanto de filosofia.

Heloísa tem 21 anos, recém-formada em Letras - Tradução e adora línguas. Fala fluentemente inglês, francês e espanhol. Conseguiu emprego em uma editora. Não ganha muito. Apenas o suficiente para sair com os amigos; comprar seus livros, discos e dvds; e cuidar da vaidade. Nas horas vagas, ouve rock e escreve histórias. Blogueira, procura por inspiração para escrever o livro que a deixará rica e famosa. Mora com a mãe, mas de vez em quando dá um tempo na casa do pai. Filha única, acha ótimo poder morar em duas casas e ter a atenção exclusiva dos pais. Nunca namorou sério. Prefere o flerte. Na busca por novas idéias, resolve freqüentar aulas de filosofia em uma escola próxima ao trabalho e conhece Abelardo.

Abelardo e Heloísa imediatamente sentem atração um pelo outro, mas as características de ambos são incompatíveis. Durante os dias seguintes eles se encontram periodicamente, mas tudo parece conspirar para que eles sempre estejam separados, especialmente pela presença do primo Fulberto, apaixonado por Heloísa.