domingo, 18 de maio de 2008

Terças-feiras

O mundo está cheio de terças-feiras. Algumas das nossas não foram boas. Não foram mesmo. Sempre houve um D de desventuras. Hoje é terça-feira. Pensei ter visto o seu rosto, mas simplesmente decidi olhar para o outro lado da rua. Um menino e sua mãe sorriam. Ele carregava um carro novo, recém-saído de uma loja de brinquedos. Foi como andar pelo estacionamento fazendo pose de bacana... Para ninguém ficar sabendo que esqueci onde estacionei o carro. Da mesma forma, queria que ninguém ficasse sabendo que eu não esqueci você. Senti um breve desespero em meio a uma roda de imagens fotografadas na mente, que giravam e giravam em um carrossel de recordações. Voei ao nosso passado naquele avião de papel que fizemos. Aquele avião, que pegou uma corrente de ar, voou tão alto e não voltamos a vê-lo. Apenas imaginamos por onde ele pode ter ido e como seria se tivéssemos ido junto com ele a um lugar novo e bonito. Um lugar calmo, de sabor feliz e cheirando a emoção. Senti saudade. Tive medo de que você não se lembrasse de mim e nem de nós. Qual teria sido a viagem dos nossos sonhos? Depois daquela outra terça-feira, eu não voltei a ligar. Você também não ligou. Eu queria ter dito, você também não disse. O que poderia ser mudado, se não tivéssemos medo de nada? Se você prefere, eu posso dizer a verdade. A verdade não foi dita, apenas as percepções. Dizem que a caneta é mais poderosa do que a espada... Mas não mais do que a boca! Que jogo bobo foi este, não? Não combinamos as regras. Seguimos jogando desde o primeiro minuto em que um de nós disse algo que o outro não gostou de ouvir. Para dizer a verdade, nem lembro o que foi. Parece agora tão sem importância, porém serviu apenas para contar mais um ponto. Um após outro. O placar foi se afastando do zero a zero. Pontos se acumulando junto com as mágoas. No mesmo balde. Saímos jogando "faça o que o mestre mandar" cada vez mais. Vez ou outra eu era o mestre. Vez ou outra era você. Você passou. Senti a brisa do seu movimento carregada de seu perfume. Você não mudou o perfume, nem falou comigo. Eu também não falei. E por que você não falou? O que você pensou. Vontade de correr passos atrás e parar apenas em sua frente. E te convidar para tomar um café. E dizer o que não foi dito. Existem tantos obstáculos que impedem de eu realizar esta minha vontade. Só não consigo enumerar quais. Começo no orgulho e paro no medo logo em seguida. Apenas os sinto. Mudo de idéia. Calmamente fui observando com atenção os lugares por onde você passou. Um dia andamos juntos, quando a direção era mais importante que a velocidade. Queria ter experimentado coisas novas. Andado por outras ruas. Eu me apaixonaria por você novamente. Se encontrasse um vidente agora mesmo, eu perguntaria se teria a segunda chance com você. Desta vez eu perguntaria qual o melhor livro que leu? O filme predileto. Qual a saudade de infância? Em qual enrascada se meteu? Não sei a descrição de um dia perfeito para você. Nem o que você ainda não fez e quer fazer. Não tivemos o nosso fim de semana chuvoso. Semana passada, um amigo contou-me sobre um site novo. Há muitas coisas pelas quais você se interessaria por lá. Eu lembrei você. Queria ter contado a você hoje. Sabe qual é o problema? Não sabemos aceitar críticas destrutivas. Então por que precisávamos nos destruir? Nem é fácil se desculpar com uma secretária eletrônica.

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