terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Metido
Meses sem sair de casa para um evento noturno. Preferi estar por estar nas minhas próprias noites. Imerso em meus próprios pensamentos. Sentimentos. Introspecção. Camila me falta. E o tempo não volta. Recebi por e-mail o aviso da festa. Tomei coragem. Arranquei-me de casa. Preferi ir de táxi. Assim teria de andar um pouco. A brisa noturna me ajudaria, como ajudou. O friozinho de doze graus na rua despertou-me. Provocou-me o desejo de ser aquecido. Assim, quando cheguei à festa, o ambiente pareceu-me um abrigo. Estava animada a festa. Favorecia o flerte e as conversas mais próximas. A princípio, confortei-me em companhia do vinho. Os mais alegres arriscavam-se a declamar, cantar, tocar. Um clima de sarau improvisado. Nina era uma que compunha o grupo dos alegres. A esta altura da noite, ainda não sabia seu nome. Bela cantora. Era isso que me faltava ali. Eu estava a fim. Ela não usava sutiã e os bicos dos seios se desenhavam através do pulôver que era acompanhado por uma calça jeans, que um dia virou short. Uma menina de jeito moderno, sensual e romântico. Sua voz encorpada não combinava com seu corpo lânguido. O vinho... A mais nobre das bebidas tem o poder de soltar a língua humana. E, quando isso acontece, a verdade vem à tona. Eu estava em companhia do vinho e Nina estava em companhia de amigos. Quando me aproximei dela, à queima-roupa, disse em seu ouvido que a queria. Não dei atenção aos seus risos. Agarrei-a por trás. Também não dei atenção aos seus protestos. Ela se debateu como pôde. Mas sem muita resistência. Parecia resistir não resistindo. Resistia por obrigação. E eu sussurei novamente que não sabia ouvir não. Depois se deixou levar. Entre um beijo e outro, nos conhecíamos. Ela sabia das coisas, corporalmente falando. Aquilo me excitou. Perguntei se estava comprometida. Ela riu, pois dependia do meu ponto de vista. Não levei a sério a resposta. Disse que queria levá-la a outro lugar. Percebi que ela hesitou e perguntou para onde e para quê. Disse estar cansado do processo unilateral de normalização hormonal por estimulação temporária auto-induzida. Não estou certo de que tenha entendido. Prossegui. Um beijo. Meu apartamento. Outro beijo. Meter em você até amanhã de manhã... Vou pedir um café pra nós dois. Comecei a rir. Era agradável. Aí veio o ponto-alto de nosso diálogo. E de ser metido? Você gosta? Pensei que era uma alusão a eu estar sendo presunçoso. Engatei a segunda. A propaganda não será enganosa. Ela riu. E não será mesmo. Vamos ao meu apartamento. Ela pediu licença. Fez um ligação pelo celular. Fiquei observando-a. Seus lábios falando. Mas nada que pudesse entender. Muito menos imaginar. Ela voltou. Vamos? E a segui. Dividimos o táxi. Eu eufórico. Lindo apartamento. E uma super-gata. Ofereceu-me a mais bela demonstração técnica que não tivera em muito meses. Aquilo durou uns quarenta minutos. E no momento que comecei a me entregar a fundo, fui surpreendido por novas mãos e um novo corpo. Assustei-me. Virei-me e dei de cara com uma nova mulher. Igualmente linda. Oi, Luiza. Nina sorriu. Ela repetiu a pergunta. E de ser metido? Você gosta? Só aí notei as fotos que decoram o quarto... Dentro da minha cabeça, ouve-se o som de fichas caindo. Nina me levou para casa como que leva comida. Duas mulheres tão lindas. Tão femininas. De repente a palavra no plural "lésbicas" não significava a mesma coisa que "sapatonas". Duas aranhas? Claro que não disse isso! Só pensei. Eu era o presente de Nina para Luiza. Só faltava o laço de fita. Estava na cama de amigas íntimas, ou melhor, concubinas. Me senti meio bobo. Já imaginava um relacionamento com Nina. Luiza quebrou o gelo. Se não sabe, terá a oportunidade de saber agora. De repente estava a segundos da realização de uma tão sonhada fantasia masculina. Topei.
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